Passo a passo para obter laudo médico válido para garantir direitos do autista

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Passo a passo para obter laudo médico válido para garantir direitos do autista

O laudo médico é um dos documentos mais importantes na vida de uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). É por meio dele que muitos direitos são acessados, como o tratamento completo via plano de saúde, medicamentos gratuitos, benefícios assistenciais, isenções fiscais e adaptações escolares.

Mas, para ter validade jurídica, esse laudo precisa conter informações essenciais e seguir um padrão mínimo. Neste artigo, explicamos o passo a passo para obter um laudo médico válido e garantir o acesso aos principais direitos das pessoas com TEA.

O que é o laudo médico e por que ele é tão importante?

O laudo é um documento emitido por profissional da saúde (geralmente médico psiquiatra ou neurologista), com base em critérios clínicos e comportamentais que confirmam o diagnóstico de TEA.

Esse documento é necessário para:

  • Solicitar tratamento pelo plano de saúde
  • Ter acesso a medicamentos gratuitos pelo SUS
  • Requerer o BPC/LOAS
  • Obter isenção de IPVA, IPI, ICMS, IOF e rodízio municipal
  • Justificar acompanhamento escolar especializado ou mediador
  • Emitir a Carteira de Identificação da Pessoa com TEA
  • Solicitar atendimento prioritário

Quem pode emitir o laudo?

De forma geral, o laudo precisa ser assinado por um médico especialista, preferencialmente:

  • Psiquiatra infantil
  • Neurologista infantil
  • Pediatra (com conhecimento em neurodesenvolvimento)

Em algumas situações, laudos multidisciplinares (com assinatura de outros profissionais, como psicólogos ou fonoaudiólogos) são aceitos, principalmente para reforçar a necessidade de terapias ou de inclusão escolar.

Passo a passo para obter o laudo médico

  1. Busque um especialista
    Procure um médico habilitado para realizar avaliação clínica e comportamental da criança ou adulto. Pode ser pelo SUS, convênio ou particular.
  2. Descreva os sinais observados
    Ao relatar ao médico os comportamentos que motivaram a busca, seja detalhista: dificuldade de socialização, atraso de fala, seletividade alimentar, crises, entre outros.
  3. Peça o laudo por escrito, com os elementos obrigatórios
    Um laudo completo e juridicamente válido deve conter:
    • Nome completo do paciente
    • Número do CPF ou do SUS
    • Diagnóstico claro (com o CID-10: F84.0 ou equivalente no CID-11)
    • Nome completo e especialidade do médico
    • Número do CRM do profissional
    • Assinatura e carimbo
    • Data de emissão
    • Justificativa da necessidade do tratamento ou benefícios (quando aplicável)
  4. Verifique a clareza do documento
    O laudo deve ser objetivo, legível e impresso (ou digital com assinatura eletrônica válida). Evite laudos manuscritos ou com linguagem ambígua.
  5. Solicite complementos se necessário
    Para alguns direitos (como aumento de sessões de terapia ou medicamentos específicos), o laudo precisa incluir informações como frequência recomendada e justificativas técnicas. Converse com o médico sobre isso.

O laudo tem prazo de validade?

Na maioria dos casos, o autismo é considerado uma condição permanente, portanto o laudo não precisa ser reemitido todos os anos. No entanto, alguns órgãos e benefícios exigem que o documento tenha sido emitido recentemente — geralmente dentro dos últimos 6 a 12 meses.

Por isso, mesmo com laudo definitivo, é comum que as famílias mantenham o acompanhamento médico e atualizem o documento periodicamente.

E se o SUS demorar para emitir?

Infelizmente, em muitas cidades, há grande demora para agendamento com especialistas pelo SUS. Nesses casos, é possível:

  • Buscar apoio com associações e ONGs locais que oferecem avaliação com médicos voluntários
  • Consultar com profissional particular (mesmo que seja apenas para emissão do laudo)
  • Solicitar judicialmente o atendimento, se houver negativa ou demora excessiva por parte do poder público

Conclusão

Ter um laudo médico completo e bem elaborado é o primeiro passo para garantir muitos dos direitos fundamentais da pessoa com autismo. A documentação correta evita negativas indevidas, acelera processos administrativos e judiciais, e fortalece a busca por uma vida com mais dignidade, acesso e inclusão.

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Vinicius Morais Prado

Dr. Vinicius procura sempre atuar com agilidade e assertividade, fornecendo para seus clientes as melhores soluções técnicas alcançáveis pelo Direito.
Pós-graduado em Direito Processual Civil. Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Especialista em Direito de Empresas.
OAB/SP 443.781

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